Minha perda auditiva é severa. O que isso significa?
A audição é um sentido complexo, que demanda um trabalho em conjunto de várias partes do que chamamos sistema auditivo.
Relacionamos o sentido de ouvir com a orelha – o que está em partes adequado, já que é este o órgão responsável por captar o som no ambiente. Mas de verdade, a audição demanda uma série de funções que acontece no cérebro. As orelhas são o caminho, a porta para a entrada das informações que serão processadas pelo cérebro.
Quando se trata de uma perda auditiva, podemos pensar nela como um problema de acesso a essas informações. Esse acesso pode estar prejudicado em formas e intensidades diferentes. A intensidade diz respeito ao grau de perda, que é descrita abaixo:
Perda auditiva leve
Dificuldade para ouvir sons fracos (baixos) e para entender a fala em ambiente ruidoso.
No caso de uma perda auditiva de grau leve, a indicação ao uso dos aparelhos auditivos não é discutível. Hoje sabemos que, por menor que seja o grau de comprometimento, a perda auditiva interfere no acesso à fala, principalmente na habilidade de compreensão, seja enquanto uma criança está aprendendo essa habilidade quanto para um adulto. Considerando então o ambiente de aprendizagem, manter a atenção para o que o professor diz poderá exigir mais da criança em termos de atenção, a ponto de colocá-la em situação de esforço auditivo, que pode desencadear outros problemas, para além das questões de aprendizado.
Perda auditiva moderada
Numa perda auditiva moderada, a criança pode responder para os sons, mas considerando a fala, se o falante está distante ou há ruído a atenção fica mais difícil. Neste grau, é comum que as crianças aprendam a fala, mas com alguma alteração. No processo de alfabetização, as dificuldades ficam mais evidentes. Problemas de comportamento, aprendizado e atenção podem facilmente ser confundidos com uma perda auditiva de grau leve ou moderado.
Perda auditiva severa
Ouvir a fala, mesmo em volume alto, é um desafio. Numa perda auditiva severa, a intensidade mínima do som que a pessoa responde é a partir de 70dB, o que torna muito difícil a percepção da fala em volume natural, que acontece por volta de 65dB. As reações podem ocorrer para sons mais fortes, como toque do telefone em volume máximo, TV em volume muito alto, sons mais graves, pela vibração, etc. Pensando em desenvolvimento da fala, os atrasos são mais evidentes e sem o uso da tecnologia dificilmente ela irá ocorrer.
Perda auditiva profunda
Neste grau de perda, os limiares se encontram a partir de 90dB. É muito difícil acontecer uma resposta natural para o som, porque é necessário um volume muito alto para que a criança apresente alguma resposta. O desenvolvimento de linguagem e fala fica muito prejudicado.
Para casos de perda auditiva severa em que não há aproveitamento com uso dos aparelhos e perdas auditivas profundas o desenvolvimento das funções auditivas é possível graças ao acesso que a tecnologia do implante coclear possui.
No entanto, por se tratar de um processo cirúrgico, são necessárias avaliações com uma equipe especializada que envolve médicos otorrinolaringologistas especialistas, fonoaudiólogos, psicólogos e assistente social.
Como se trata de um processo, é fundamental ter a amplificação do momento do diagnóstico da perda auditiva ao momento da seleção do aparelho auditivo até ser confirmada a necessidade do implante coclear.