Ouvir é habilidade essencial para o desenvolvimento humano. No entanto, problemas auditivos, sejam temporários ou permanentes, são invisíveis e mais frequentes do que podemos imaginar.
A audição é um sentido que começa a funcionar antes mesmo de nascermos. A partir do sexto mês de gestação ela já está ativa.
Dependemos da orelha e de outras partes do sistema auditivo para ter acesso e percepção dos sons, mas a audição acontece mesmo no cérebro. É lá que o sentido das informações que percebemos toma sentido.
Esse sentido é construído, desenvolvemos habilidades que irão permitir processar o som cada vez melhor. Esse desenvolvimento se dá ao longo da primeira infância. Ou seja, apesar de termos a audição ativa antes mesmo de nascer, é ao longo dos primeiros 8 anos de vida que o “ajuste fino” do processamento dos sons acontece no cérebro. Isso se deve à mecanismos de maturação e plasticidade do nosso sistema nervoso central.
É por isso que os profissionais da área de saúde auditiva atuam para que a detecção de uma alteração auditiva aconteça o mais cedo possível. Quanto mais cedo viabilizarmos o acesso ao som – principalmente da fala – quando algo não está bem, melhor será o desenvolvimento das estruturas no cérebro responsáveis por processar a informação auditiva.
Ouvir é condição para desenvolvimento da linguagem, que é a base da comunicação e funcionamento das funções cognitivas do ser humano.
O caminho do som
Para percebermos o som, ele deve passar pelas estruturas que formam o sistema auditivo, que é formado pela orelha externa, orelha média, orelha interna, além do nervo auditivo e estruturas do cérebro.
Perda auditiva
A perda auditiva é uma das deficiências físicas mais comuns. Estima-se que 3 em cada 1000 crianças sofram de alguma alteração na audição. Na idade escolar, essa ocorrência pode aumentar para 3 crianças em 100 se considerarmos as perdas leves e unilaterais.
Os graus da perda auditiva são classificados em: leves, moderadas, severas ou profundas. Existe uma relação entre o grau da perda auditiva e o grau de dificuldade da criança. Cada um implica em dificuldades diferenciadas e exige cuidados específicos.
Existem diferentes tipos de perda auditiva:
Quando identificamos uma alteração na audição, é possível que ela seja condutiva ou neurossensorial.
Uma perda auditiva condutiva acontece quando existe um problema nas estruturas de condução do som pela orelha externa ou orelha média. Nesses casos, a solução pode ser tratamento médico, intervenção cirúrgica ou uso de aparelhos auditivos, dependendo da patologia que compromete a audição.
Entre as causas de perda auditiva condutiva as mais comuns são:
Otite externa (infecção no conduto auditivo), otite média (infecção na orelha ouvido média), perfuração da membrana timpânica, colabamento (estreitamento) do conduto auditivo e mal formações.
Quando a alteração funcional ocorre nas estruturas da cóclea ou do nervo auditivo, denominamos de perda auditiva neurossensorial. Este tipo de perda não afeta somente a sensação da intensidade sonora, mas também a habilidade de discriminação e percepção da informação com clareza. Em geral, a solução mais eficaz é o uso dos aparelhos auditivos ou implantes cocleares.
Como reconhecer os sinais de uma possível alteração na audição em crianças
A dificuldade de ouvir, principalmente a fala, pode se manifestar com:
• Falta de atenção ou atenção flutuante
• Distração constante
• Criança pede para repetir o que foi dito
• Timidez
• Isolamento
• Criança não se assusta com som forte (crianças pequenas)
• Dificuldades de sociabilização
• Dificuldades escolares ou no processo de alfabetização (“troca de letras”) e desempenho escolar abaixo da média;
• Alterações de fala
• Atraso no desenvolvimento da linguagem
Caso você identifique qualquer um desses comportamentos, converse com o médico pediatra que acompanha a criança ou um profissional de saúde auditiva (médicos otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos) e solicite uma avaliação auditiva.
A audição na criança pode ser avaliada em qualquer idade e é extremamente importante certificar que está tudo bem. O bom desenvolvimento infantil depende dela.