A pandemia COVID-19 demandou uma série de adaptações das crianças para o novo contexto de aprendizagem e medidas relacionadas à pandemia, incluindo distanciamento social, uso das máscaras de proteção e forte dependência de tecnologia. Um estudo realizado nos EUA reuniu os desafios educacionais enfrentados por crianças com perda auditiva.
Alunos e professores enfrentam ainda desafios enormes durante a pandemia. Alguns permanecem no contexto das aulas on line, enquanto outros já tiveram a experiência de retornar para a sala de aula. Independentemente do ambiente, o aprendizado sofreu um grande impacto e muitas vezes de forma negativa pela forte dependência da tecnologia, a necessidade de distanciamento social e a inconsistência do acesso à Internet para algumas famílias. Os desafios ainda são maiores quando enfrentados por alunos com perda auditiva devido ao efeito de diminuição do som decorrente da barreira física das máscaras faciais e acesso limitado aos serviços de apoio, como intérpretes de língua de sinais, legendas ou softwares de transcrição de fala para facilitar a experiência online.
Com o objetivo de listar os desafios enfrentados por alunos com perda auditiva, foi realizado um estudo coordenado pela Profa Dra Erin Schafer, audiologista americana, que acompanhou um grupo de alunos para alunos do ensino fundamental e médio e profissionais da educação durante três semanas em setembro de 2020 para determinar a frequência de uso das abordagens de ensino (por ex, remoto/on line, presencial ou híbrido), avaliar a acessibilidade dos materiais utilizados em aula e a tecnologia utilizada. A identificação destes fatores teve como objetivo permitir aos audiologistas, professores de alunos com perda auditiva e outros profissionais da educação refletirem sobre melhorias para viabilizar o acesso ao ensino e cuidados para envolvimento dos alunos com perda auditiva.
Resultados
Os dados da pesquisa foram publicados na edição de janeiro / fevereiro de 2021 da revista Audiology Today. Os 202 entrevistados incluíam, em sua maioria, audiologistas e professores de alunos com perda auditiva. Também participaram professores de educação especial, e outros profissionais da escola. A esmagadora maioria dos alunos do ensino fundamental representado na pesquisa participou da abordagem de ensino remoto assíncrona (pré-gravada) e síncrona (ao vivo) em pelo menos uma até cinco vezes por semana, sendo a abordagem síncrona a mais comum. Além disso, a maioria dos alunos do ensino fundamental participou de reuniões de grupo online, com grupos de até quinze alunos, e fez uso de vídeos online ou aulas de fontes externas de conteúdo, como o YouTube.
Infelizmente, nas abordagens para ensino mencionadas acima (ou seja, reuniões de grupo assíncronas, síncronas), a oferta de acesso para alunos com perda auditiva foi variada. Por exemplo, as legendas e as transcrições eram fornecidas apenas algumas vezes, e as máscaras transparentes não eram utilizadas de maneira consistente durante o ensino síncrono. Alguns alunos e professores usaram máscaras sem o visor transparente, o que eliminou o acesso às pistas visuais. Felizmente, intérpretes de lingua de sinais foram fornecidos virtualmente para a maioria dos alunos que faziam uso dos intérpretes na escola.
A maioria dos alunos teve permissão para levar dispositivos de tecnologia utilizados na aula presencial para casa, como por exemplo os sistemas de microfone remoto, laptops, carregadores, cabos de áudio e tablets. No entanto, a maioria dos cuidadores não se sentia confortável com a tecnologia e o software necessários para uso na abordagem de ensino remoto, e os alunos e cuidadores frequentemente enfrentavam dificuldades no uso desses dispositivos.
Conclusões
Os resultados desta pesquisa preliminar mostraram que os desafios enfrentados pelos alunos com perda auditiva ocorreram em todas as abordagens de ensino. As maiores dificuldades foram decorrentes do uso da tecnologia da escola em casa, bem como das adaptações necessárias como distanciamento social e o uso de máscaras. Independentemente do ambiente de aprendizagem, os alunos com perda auditiva devem ter acesso à estrutura necessária para garantir acesso igual ao conteúdo. Sem os instrumentos facilitadores de acesso ao conteúdo, os alunos com perda auditiva correm um risco importante de dificuldade no aprendizado.
Para garantir o sucesso de cada aluno, a escola deve estar atenta aos fatores que atuam como barreiras nos vários ambientes de ensino. Além disso, materiais de orientação sobre o uso dos recursos direcionados à família (por exemplo, guias de solução de problemas) podem ajudar a resolver algumas dificuldades relatadas pelos cuidadores.
Uma análise mais detalhada com os dados completos deve ser publicada nos próximos meses e você pode ter acesso ao conteúdo integral desta pesquisa neste link (https://www.audiology.org/audiology-today-januaryfebruary-2021/remote-learning-during-pandemic-children-hearing-loss0)