Nossos ouvidos nunca dormem. A audição é o primeiro sentido formado, antes mesmo de nascermos – e o último a “desligar”, quando deixamos de viver.
Ao mesmo tempo que o ato de ouvir é algo tão instantâneo e automático quanto respirar, é também um sentido que podemos controlar. Somos capazes de escolher qual som queremos prestar mais atenção.
Por que então, no caso de pessoas com deficiência auditiva – principalmente para as crianças – os profissionais, pais ou familiares analisam e se questionam tão frequentemente o tempo em que a pessoa utiliza os aparelhos auditivos?
Tanto o tempo como a qualidade da informação que a criança recebe ouvindo são importantes fatores que contribuem para o desenvolvimento da audição e da linguagem.
Os profissionais atribuem o termo técnico “audibilidade consistente” para o ato de permitir que a criança consiga escutar pelo tempo e com a qualidade necessários para o seu melhor desenvolvimento.
Ouvir de maneira consistente significa não apenas a exposição, mas a permanência e a qualidade com que a informação de fala é percebida pela criança. E quando se trata de ouvir com uso de um dispositivo eletrônico (aparelho auditivo ou implante coclear), qualquer que seja o grau de perda auditiva, esse tempo e essa qualidade da informação têm um peso muito grande para como ocorrerá o desenvolvimento da criança.
As orelhas são a porta de entrada para o som
Embora todo mundo pense que escutamos com as orelhas, na verdade, a audição acontece no cérebro. E quando se trata dele, o som se torna alimento para que novas conexões sejam realizadas. É a partir das conexões neurais formadas pela estimulação auditiva e pelo contexto, forma e conteúdo onde a comunicação acontece que a linguagem se desenvolve. Por isso, com toda tecnologia existente atualmente nos dispositivos eletrônicos (aparelho auditivo ou implante coclear), o tempo em que a criança está com esses dispositivos é um dos fatores que contribuem muito para o seu desempenho e possibilidades de desenvolvimento da comunicação.
Para falar sobre este tema, tivemos a honra de contar com a explicação da fonoaudióloga, professora e doutora Beatriz Novaes que neste vídeo explica como tudo isso acontece.