No grupo de sinais e sintomas da perda auditiva, quando se refere ao tratamento – e por tratamento entende-se: adaptação das tecnologias para audição, monitoramento audiológico e reabilitação – a perda auditiva leve é talvez a condição que gere mais dúvida em relação à intervenção e adoção das tecnologias para ouvir melhor.
A maior questão é que a linha que separa o comportamento ouvir bem/não ouvir da maneira necessária para o desenvolvimento sem limitações é bastante tênue, principalmente em bebês e crianças pequenas. O impacto maior e severo dessa condição para o desenvolvimento de linguagem, seja fala ou escrita, se dá ao longo do tempo.
No passado esta era uma condição em que a adoção à amplificação era mesmo discutível.
Hoje temos evidências de que o custo, no aspecto cognitivo, e de dificuldades no desenvolvimento existe e pode ser evitado. Crianças com perda auditiva mínima, leve e unilateral são consideradas de grande risco para dificuldades de aprendizado e são consideradas candidatas ao uso da amplificação e sistemas auxiliares de escuta.
Tal recomendação é decorrente do fato de que para aprender, é necessário ouvir de forma consistente todos os sons de fala, no silêncio e no ruído. Quando bebê, geralmente toda comunicação acontece em ambientes controlados do ponto de vista acústico. Pouca distância, poucos interlocutores, interação num cenário mais cuidado.
À medida que a criança cresce, mais complexidade de situações para comunicação passam a fazer parte do dia a dia, e principalmente no ruído, a dificuldade aparece.
Sem recurso, isso vai demandar muito mais esforço para ouvir, entender, ter atenção e se concentrar em atividades que demandam o uso da linguagem: se colocar como interlocutor, aprender, ler, escrever, entender o outro. E como consequência, além da dificuldade no desempenho formal escolar, aspectos do desenvolvimento sócio-emocional também têm suas consequências negativas.
Por esses motivos, caso seu filho tenha uma perda auditiva de grau leve ou moderado, unilateral ou bilateral, e até mesmo isolada em algumas frequências, pense no caminho a ser percorrido e como podemos hoje, oferecer condições que viabilizem o acesso para que a limitação não aconteça no futuro.
O uso da amplificação com tecnologia vigente, que considera especificamente a necessidade da criança em suas diferentes idades, com recursos de inteligência artificial no processamento do som pode trazer benefícios importantes quando naturalmente o acesso à fala está abaixo do estimado. Na impossibilidade da adaptação dos aparelhos auditivos, a tecnologia de microfones Roger garante a equidade de acesso para diminuir os prejuízos no ruído.
Tanto o aparelho auditivo como os sistemas auxiliares de escuta, como o Roger Focus, são estratégias para equidade de acesso e ponto de partida para o bom desenvolvimento da comunicação desses casos.
Referências para este texto:
American Academy of Audiology (2012). Audiologic Guidelines for the Assessment of Hearing in Infants and Young Children. Retrieved from: https://audiology-web.s3.amazonaws.com/migrated/201208_AudGuideAssessHear_youth.pdf_5399751b249593.36017703.pdf.
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Lieu, J.E. (2013). Unilateral hearing loss in children: Speech-language and school performance. B-ENT Suppl. 21: 107-115.
Moore, D.R.; Oliver Zobay, M A F. Minimal and mild hearing loss in children: Association with auditory perception, cognition, and communication problems. Ear Hear. 2020 ; 41(4): 720–732.