O universo de soluções auditivas se apresenta de maneira cada vez mais ampla e inovadora aos profissionais e usuários desta tecnologia. Avanços em instrumentos de pesquisa e evidências científicas possibilitam o desenvolvimento de recursos que trazem muito mais praticidade no dia a dia para o usuário dos produtos e instrumentos únicos para uso pelos fonoaudiólogos, que adaptam o aparelho e seus recursos às necessidades do paciente.
Nessa evolução, temos um ponto muito importante quando se trata da adaptação dessas tecnologias para as crianças e adolescentes. Recursos de conectividade sem fio, compatibilidade com aplicativos, possibilidade de controle pelo usuário, ajuste à distância, automatização são alguns exemplos de funções possíveis e disponíveis nos aparelhos auditivos. E quando se trata de crianças, para além desses recursos, um ponto importantíssimo é entender como o dispositivo irá processar e fornecer o acesso à informação de fala para a o bebê, a criança e o adolescente. Pensando nisso, listamos abaixo alguns aspectos importantes que devem ser considerados pela família na busca de uma solução auditiva:
- Amplificação: acesso à fala de maneira clara, confortável e segura
A função principal do aparelho de amplificação sonora individual é fornecer o acesso às informações sonoras para que a criança se desenvolva de maneira livre, contemplando a variabilidade de ambientes onde a comunicação acontece.
Atualmente, considerando a aplicação de recursos da inteligência artificial, existem no mercado aparelhos auditivos que possuem um modo de funcionamento desenvolvido para os ambientes acústicos que fazem parte do dia a dia da criança, desde o nascimento até a adolescência. Essa forma de processar os sons considerando a rotina da criança fornece muito mais precisão, clareza da informação e conforto, mesmo em situações mais ruidosas, como brincadeiras, prática de esportes. Um exemplo são os produtos da linha Sky Marvel, que possuem um sistema dedicado para amplificar o som considerando, para além das características do ambiente no qual a criança está exposta, as necessidades de cada idade ao longo do seu desenvolvimento.
Essa qualidade do sinal amplificado, claro, permanente é um ponto fundamental que viabiliza o uso consistente do dispositivo. Pesquisas recentes1 com recursos de neuroimagem apontam que o tempo de uso do aparelho, quando maior de 8,5h por dia está relacionado à melhora no desempenho dos padrões neurais para uso da memória de trabalho no cérebro.
A segurança é um outro fator determinante. Os aparelhos pediátricos possuem travas de segurança nas partes pequenas, como abertura da gaveta de pilha e gancho. Há ainda a disponibilidade de aparelhos recarregáveis, que reforçam ainda mais a segurança e praticidade para uso diário.
- Evidências
Verifique se antes do produto ser comercializado, foram realizadas pesquisas relacionadas ao uso dos mesmos na população pediátrica. As necessidades e a experiência para comunicação da criança são diferentes do adulto. A cada recurso novo, a Phonak como fabricante estuda na prática o real benefício da tecnologia desenvolvida. Todas as características são testadas e avaliadas por profissionais de referência na área da audiologia infantil a fim de comprovar seu benefício. Essa prática reforça a tradição e compromisso sério da empresa no desenvolvimento de produtos para adaptação pediátrica há mais de 40 anos.
- Compatibilidade com tecnologia assistiva
Ouvir e se comunicar são habilidades complexas, que se desenvolvem juntas. Para que a criança tenha as condições favoráveis ao desenvolvimento, precisamos garantir que o acesso seja garantido em todos os ambientes onde a comunicação acontece: com o(s) interlocutor(es) perto e distante, no ambiente fechado, com proximidade, e em ambiente aberto, à distância. Com ruído competitivo e sem ruído.
É para garantir a equidade de acesso à fala que o uso da tecnologia assistiva, popularmente conhecida também como sistema de FM (na Phonak, Roger) se torna um instrumento chave para favorecer o aprendizado da criança, independente do grau de perda auditiva.
O Roger é o microfone sem fio que controla a relação entre a fala importante de ser ouvida e o ruído de fundo. Ele transmite esse som para os aparelhos auditivos ou implantes cocleares.
Aparelhos auditivos próprios para adaptação em crianças e adolescentes devem ser compatíveis com a tecnologia assistiva que gerencia relação sinal/ruído, visto que o ambiente escolar é por vezes ambiente ruidoso e com distância do interlocutor presente.
- Conectividade: quando e como?
Transmissão da chamada telefônica para o aparelho. Envio do som do celular, TV, tablet, direto, sem fios para os aparelhos. Uso de aplicativos. Como esses recursos podem ser aplicados para o universo da adaptação pediátrica?
Quando se trata de crianças, a autonomia no uso dos dispositivos como celular, tablet é um fator importante a ser avaliado. Os aparelhos auditivos possuem funções de transmissão sem fio bastante práticas para o adulto, que possui controle total sobre o uso desses dispositivos. As mesmas transmissões, quando realizadas pela criança, devem ser acordadas entre o profissional de saúde auditiva e os responsáveis pela criança,
Na Phonak, o aplicativo para controle dos aparelhos pediátricos Sky possui travas gerenciadas pelos pais. Funções avançadas de controle serão habilitadas de acordo com a idade da criança. Tempo de uso do aparelho, ambientes de uso e autonomia de energia são monitoramentos disponíveis, além de controles de programa e volume dos aparelhos e ferramenta de atendimento à distância.
- Atendimento à distância
Quando se trata da adaptação dos aparelhos auditivos na população pediátrica, os recursos para programação e atendimento à distância tem a função de suporte ao atendimento presencial. Ele jamais deverá substituí-lo. Aspectos como monitoramento audiológico, inspeção visual da orelha, qualidade e necessidade de reposição do molde, manuseio e orientações, medidas de verificação e avaliação dependem do contato entre o profissional de saúde auditiva e o paciente. Nesse cenário, o atendimento à distância é coadjuvante e auxiliar à praticidade, mas jamais deve ser a única via de contato entre o paciente e seu profissional de saúde auditiva.
Referências:
1 Heinrichs-Graham E, Walker EA, Eastman JA, Frenzel MR, McCreery RW. Amount of Hearing Aid Use Impacts Neural Oscillatory Dynamics Underlying Verbal Working Memory Processing for Children With Hearing Loss. Ear Hear. 2021 Jul 20. doi: 10.1097/AUD.0000000000001103. Epub ahead of print. PMID: 34291759.